segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

53/365: O sufoco: Recortes da Infância

    Eram os idos de 1955 ela dormia o sono tranquilo da sua infância no quarto a meia luz da casa da sua amada avó. Acorda e se surpreende com o silêncio da casa e aí lembra que a sua avó havia comentado que iria dar um "pulinho" na igreja da frente para marcar o casamento da sua caçula. Tudo seria muito rápido e logo ela voltaria. A menininha desce a escada e fica sentadinha, na soleira da porta,  olhando para a igreja do outro lado da rua.  Dos seus olhinhos brotam lagrimas que expressam a súbita saudade da sua mãe que a deixará sob os cuidados da sua mãe, avó materna da garotinha. Motivo:  ia para a maternidade.  Nisso passa uma senhora, que ao vê-la chorando se aproxima e pergunta o porque da tristeza. A pequena explica que quer a mãe e que sabe que ela mora naquela rua e aponta o dedinho, na direção de uma  rua qualquer. A senhora a pega pela mão e,  pensando que a pequena estava perdida se dispõem em ajuda-la a voltar para sua casa. 

    Não achando a casa da mãe da garotinha. A senhora leva a pequena  para sua casa e a alimenta. A noite, se estendia, e chega a casa um policial, marido desse senhora,   assustado ao ver a   criança diz que todo mundo estava atrás da pequena  e que  a sua avó estava na delegacia, enlouquecida, a procurando. Lá se vão policial e a pequena para a delegacia. Ao chegar a sua avó a abraça aos prantos e leva uma reprimenda do delegado por deixar uma criança sozinha. 

    Essa história e um recorte da minha infância e   compartilho com vocês para que entendam que muitas vezes julgamos as pessoas sem saberem suas reais intenções. A senhora, não era uma sequestradora, mas sim uma bondosa pessoa que queria me ajudar a voltar para minha mãe. A minha vozinha não era irresponsável e sim ela acreditava que, eu continuaria a dormir, como sempre dormi muito à tardezinha e que daria tempo para voltar antes de eu acordar. 

    A vida é assim. Que sufoco!!! tanto para a bondosa senhora como para minha vozinha. Eu mesma estava apenas olhando tudo com o olhos divertidos da minha infância. Sem entender: o que era sequestro e irresponsável. 

 São tantas nuances interpretativas, tantos motivos, tantas justificativas. Por isso, julgar e condenar é um risco avaliativo.  Ouvir todos os lados é ser sábio. 

Um abraço fraterno a todos.

Maria Fátima Barroso Barbosa
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Um comentário:

  1. Desiderio:Seus textos trazem sempre umá contribuição para nosso crescimento pessoal.

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